sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Linha do Oeste

Exmos Senhores
O Plano Estratégico dos Transportes, que tem sido profusamente divulgado pela comunicação social, prevê o encerramento a passageiros da linha do Oeste entre Caldas da Rainha e a Figueira da Foz. A concretizar-se, os 291 mil habitantes dos concelhos de Nazaré, Leiria, Marinha Grande e Alcobaça e parte do concelho de Pombal perderão a acessibilidade ferroviária, passando a fazer-se a sua mobilidade apenas e só por modo rodoviário, com todos os custos inerentes. Não deixa de ser irónico que num momento em que os combustíveis atingem preços cada vez mais elevados e em que as auto-estradas são todas portajadas se pretenda encerrar esta via-férrea.
O argumento utilizado para o encerramento é que a linha tem uma exploração deficitária, porque pouco utilizada. Mas porque tem, então, tão poucos utilizadores? Porque a via apresenta uma estrutura envelhecida (apenas os carris e as travessas foram melhorados) que data da sua construção no século XIX e possui uma exploração assente em moldes arcaicos. Por outro lado, o material circulante (os comboios) é velho, lento, ruidoso e com motorizações pouco económicas. Tudo isto tem-se traduzido numa baixa frequência de circulações e na morosidade da viagem que afasta os potenciais clientes.
A título de exemplo compare-se as frequências e os tempos de viagem entre Lisboa e Leiria, através de uma linha arcaica (linha do Oeste), e Lisboa e Pombal, através de uma linha modernizada (linha do Norte). Pombal possui 18 frequências com destino a Lisboa, com tempos de viagem que medeiam entre 1,18 H em comboio Alfa Pendular e 2,48 H em comboio Regional. Leiria 5 frequências com destino a Lisboa, com tempos de viagem que medeiam entre as 3,05 H, comboio Inter-regional/Urbano e 4,31 H em comboio Regional¬/Urbano.
Será que Leiria, cidade de cerca de 50 mil habitantes, para onde se previa a passagem de uma linha férrea de alta velocidade e que tem “mercado” para três auto-estradas (A1, A8 e A17) não é merecedora de ter uma via-férrea moderna?

Ourém, 21 de Outubro de 2011
Atentamente

Paulo Santos Fonseca
Membro do GAFA (Grupo de Apoio à Ferrovia Aberta)

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