quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Douro: CP põe em causa continuidade do Comboio Histórico


A CP ameaça com o fim do Comboio Histórico no Douro caso não encontre parceiros para ajudar a financiar este serviço que, este ano, custou 150.000 euros, disse hoje à Agência Lusa fonte da empresa.

Durante o verão, a velha locomotiva a vapor percorreu os 46 quilómetros que separam o Peso da Régua do Tua (concelho de Carrazeda de Ansiães), numa viagem que tem como paisagem predominante o rio Douro, as vinhas que são Património Mundial da UNESCO e que atrai centenas de turistas a este território.
Ana Portela, directora de Relações Institucionais e Comunicação da CP, referiu que é a empresa que suporta a totalidade do custo desta operação, incluindo o investimento na preparação do material circulante para cada campanha. A locomotiva a vapor, dadas as suas características, tem que ser objecto de uma intervenção de fundo todos os anos.
O resultado de exploração é negativo embora, segundo Ana Portela, tenha apresentado uma significativa melhoria em 2011 (cerca de 60.000 euros negativos), por comparação a 2010 (cerca de 110.000 euros negativos). O que, de acordo com Ana Portela, se deve a um "enorme esforço que a empresa tem desenvolvido no sentido de procurar reduzir os custos associados, sem prejudicar a qualidade e atractividade do produto". Em 2011, os custos superaram os 150.000 euros e a receita registou pouco mais de 90.000 euros.
Perante este cenário, a CP afirma que a "continuidade do produto está em causa". "Caso não exista possibilidade de o viabilizar, quer através de parcerias com instituições ligadas ao Turismo do Douro, quer através de entidades privadas, a CP não poderá continuar a suportar os prejuízos que dele decorrem", afirmou Ana Portela. A responsável disse que "não é possível nem racional do ponto de vista da gestão, num cenário de redução de oferta a nível nacional de serviços de transporte às populações, suportar este nível de prejuízos num produto que não pode ser considerado como essencial à actividade da empresa, que é a de dar resposta às necessidades de mobilidade dos cidadãos, apesar de todo o seu valor patrimonial e histórico".
Embora reconheça a importância deste produto, a CP referiu que, face "à ausência de apoios efectivos, poderá ver-se forçada a abandoná-lo". Em 2011, viajaram no comboio 2.270 pessoas, o que representa uma média de 206 passageiros por viagem (a capacidade total é de 250). Em 2010, viajaram 1.639 clientes, com uma média de 149 por comboio. A procedência dos clientes nacionais é dominada por Lisboa e pelo Porto e os estrangeiros têm como origens principais Inglaterra, França e Espanha. O leque de idades situa-se entre os 26 e os 65 anos, com uma distribuição percentual quase equitativa nas várias faixas etárias.
O presidente da Câmara da Régua, Nuno Gonçalves, lamentou que "se esteja a por em causa a continuidade" do Comboio Histórico, um serviço que diz que é "diferenciado" e que dá uma "importante capacidade de atractividade e de competitividade" à região. "Era importante que alguém pudesse ver aqui uma actividade com retorno. O meu desejo é que alguém possa ver aí uma forma de intensificar a actividade que o comboio turístico tinha na região", salientou.
Fonte:  Lusa/CM

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