domingo, 17 de julho de 2011

Uma visão de Daniel Conde, Membro-fundador do MCLT


Concelho do Alto Douro? Que é isso?

Pessoalmente vejo com muita preocupação a diminuição de concelhos no nosso território trasmontano. Imagino o que seria fundir Vinhais, o meu concelho natal, com Bragança e até mesmo com Vimioso, ficando um super concelho em área, mas terrivelmente centralizado. E se para tratar de um papelzinho ali na câmara se tivesse de ir da Cisterna a Bragança (ver a distância no google maps)?


E depois, que critérios seriam ditados para estas fusões?

Se falarmos em freguesias, aí sim concordo plenamente. Todos aqui somos crescidos o suficiente para saber que dezenas senão centenas de freguesias por aí a fora servem única e exclusivamente para alimentar o ego de certos senhores iletrados e inanimados, e esbanjar recursos do Estado só para que alguns vetustos senhores levem um doce chorudo só para que não faltem a reuniões para as quais deveria ser OBRIGATÓRIO irem. Para mim a junta de freguesia é um órgão colegial, no sentido romano do "collegivm", organismo micro-económico e social mais próximo dos cidadãos, que deveria ser fomentador do sentido de comunidade e das suas responsabilidades. Não é isso que vejo em 99% dos casos que vou conhecendo por aí, pelo que sim, gostaria de ver menos, mas muito menos freguesias que as actuais.

Mas falava-se da redução da população de Carrazeda; e quantos concelhos não perderam uma vez mais valores recordistas de população residente? Quantos concelhos do Nordeste Trasmontano terão ganho população? Quantas vilas e cidades não terão tido crescimentos marginais à custa da constante sangria das aldeias? Quantos campos agrícolas outrora florescentes não estarão - como na minha querida terra - invadidos de silvas e giestas? Mas, ao mesmo tempo, quantas novas rotundas as sedes de concelho ganharam? Pavilhões? Ciclovias (fora ou dentro de leitos ferroviários de linhas desactivadas)?

De facto, estratégias concertadas, nenhumas, por muitos esforços - genuínos e inteligentes, ou não - que as autarquias desenvolvam. E querem melhor exemplo que o das novas barragens, sobretudo a do Tua? Viram o que os autarcas subservientes disseram em N reuniões e debates? "O que interessa ao meu concelho é a solução X, mesmo que isso não seja benéfico para a região". Acham por um minuto que subsídios à natalidade valem de alguma coisa? Ai eu agora para me conseguir fixar na minha própria terra tenho agora de gerar filhos aos molhos? E o que os susterá?

Eu dou uma ideia: autonomia para Trás-os-Montes e Alto Douro. O que for para o bem da região tem de ser forçosamente decidido num parlamento regional, e defendido a nível nacional num Senado das Regiões. Enquanto as macro-decisões da região ficarem entregues a Lisboa a gente que não conhece Trás-os-Montes, ou a trasmontanos que não representam nada a não ser a sua própria mediocridade, sabujice, lambe-botismo e ganância, ou ainda a autarcas com as mesmas qualidades anteriormente citadas, não chegaremos a lado nenhum.

Tenho dito.

Daniel Conde

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